A IRA“O insensato desafoga a sua ira, mas o sábio a domina e a recalca.”Provérbios 29,11.A ira é um estado de descontrole da paixão ou um desejo imoderado de vingança.
O descontrole da paixão é a raiva, que chega a modificar nosso semblante. A vingança imoderada consiste em vingarem-se quando não nos cabe vingar ou vingar-se de alguém que não nos fez nada que merecesse vingança.
Muitas pessoas, infelizmente se deixam guiar pelo impulso deste vício com muita facilidade e causam muito mal as pessoas que vivem em contato com ela.
O provérbio que abre este artigo é objetivo ao declarar que o insensato desafoga a sua ira, ou seja, coloca tudo para fora. O problema não é se sentimos a raiva e sim como a raiva sentida em determinado momento é externalizada, pois geralmente isso é feito de forma totalmente desequilibrada. Gritos, atitudes impensadas e agressões!
Este vício é capaz de provocar atitudes drásticas e irreversíveis. Veja os exemplos que temos constantemente na mídia. Pessoas de bem que acabam cometendo assassinato por uma discussão. Pais que espancam filhos no momento de querer corrigi-los por uma traquinagem ou pirraça. Pessoas que gritam o tempo todo, tratam mal seus familiares. Pessoas que desejam vingança por coisas tolas.
O problema da ira não é o sentimento propriamente dito. Em alguns casos é um sentimento positivo, as vezes ficamos revoltados ao presenciar injustiças e isso não é ruim. Mas, o cuidado está em controlar os sentimentos e os impulsos que ela provoca. O Apóstolo Paulo nos orienta:“Se vos irardes, não pequeis; o sol não se ponha sobre a vossa ira. Não deis ocasião ao diabo.”Efésios 4, 26-27.
Se você tiver um acesso de raiva, meu irmão, por favor, controle-se, não peque. O diabo encontra facilmente ocasião para realizar seus projetos exatamente em nossos impulsos emocionais.
A ira provoca ainda:
- indignação - é nossa irritação contra alguém que achamos injustamente que está irritado conosco
- maus pensamentos e juízos temerários- gritos e agitação
- blasfêmias
- acusações injustas- rixas e brigas
- ressentimentos e rancores profundos.
Todas estas condições que o vício da ira nos impõe são extremamente danosos a nossa alma. São sentimentos que nos escravizam, nos torna cativos e nos levam direto para o inferno com toda certeza. Estes sentimentos endurecem o coração, tiram a sensatez e impedem o homem de perdoar o seu semelhante. Ora, sabemos que o ato de perdoar os irmãos é uma das condições para que alcancemos a vida eterna.
Reflitamos sobre cada fruto proveniente do vício da ira:
A indignação não é para com uma situação de injustiça ou para com pessoas injustas, mas é meio que doentio. Basta uma pessoa conduzir as coisas de forma diferente da que pensamos ser a maneira certa. Basta que uma pessoa nos desagrade e apenas sua presença passa a nos irritar. Isso traz juntamente os maus pensamentos e juízos temerários. Começamos julgar a pessoa de acordo com o nosso senso de auto-justiça que muitas vezes é apenas uma visão egoísta. Começamos a condenar, e taxar as pessoas de forma que nem mesmo a conversão do indivíduo é capaz de nos fazer mudar a opinião que já tínhamos formado sobre ele anteriormente. Os gritos e agitação são coisas terríveis que fazemos contra as pessoas que menos merecem receber; filhos, esposos, pais,irmãos, e etc. Tudo porque acabamos nos tornando pessoas indignadas e insatisfeitas com o mundo, e o pior, com nós mesmos.
Bom, depois de todos estes desdobramentos, não é nenhuma surpresa que esta indignação e insatisfação se volte também contra Deus. Passamos a questionar seu amor, sua justiça, perdemos a fé e blasfemamos. Quando chegamos neste ponto, nossa condição é terrível e só mesmo a graça de Deus e o amor incondicional da família serão capazes de reverter esta situação de inferno. Pois passamos acusar injustamente tudo e todos, sendo pessoas ressentidas e rancorosas ao extremo.
COMO VENCER A IRA.
Para controlarmos a ira precisamos reequilibrar nossas emoções. As vezes nem percebemos quando somos tomados por este vício, pois justificamos os nossos atos como reações aos atos dos outros. Nunca somos culpados, sempre somos vítimas e por isso nos achamos no direito de explodir.
Para vencer a ira vamos precisar aprimorar pelo menos duas virtudes cardeais. A Prudência e a Força.
Como já falamos da força em outra oportunidade, queremos discorrer um pouco sobre a virtude da prudência.A VIRTUDE DA PRUDENCIA.
A virtude da prudência é o que nos ajuda a decidir pelo bem.
Em todas as áreas da vida, em todos os momentos, precisamos escolher, pois a vida é feita de escolhas. Quando alguém nos ofende ou nos causa algum dano, decidimo-nos por revidar ou não. Quando estamos diante de uma oportunidade de lucro, a prudência nos ajuda a discernir se esta oportunidade é lícita ou não e ainda, se optamos em aproveitá-la ou não.
Da mesma forma a prudência nos força a refletirmos sobre o juízo que fazemos dos outros. Em um momento de pressão no trabalho ou até mesmo em casa, ajudados pela prudência, somos capazes de manter a calma, cientes de que uma atitude contrária pode piorar ainda mais a situação.
Pecamos muito pela imprudência e desafio de nossos limites, exatamente pelo fato de não darmos a esta virtude tão preciosa a importância devida.VIRTUDES ANEXAS
Como dissemos, contra a ira, usamos pelo menos duas virtudes cardeais, ou seja, a prudência e a força. Vamos a algumas virtudes anexas relacionadas às duas:Virtudes anexas a Prudência.- A Mansidão. Esta virtude exige que o homem controle os seus impulsos de acordo com a razão, sem se exceder na ira, e sem faltar com a ira quando a injustiça exige reação. Engana-se quem pensa que ser manso é o mesmo que ser fraco, na verdade, um homem manso é o mais forte entre todos, pois mesmo diante das tribulações ele é capaz de manter o controle de suas emoções e continuar com os olhos fixos em Deus. O homem manso consegue se manter em paz mesmo que a sua volta haja todo tipo de intranqüilidade, sejam elas materiais ou espirituais.
- O bom senso e o discernimento. Estas duas são as virtudes que nos ajudam a julgar as coisas de maneira correta. O bom senso nos orienta no julgamento e escolhas pelas coisas do nosso dia a dia, como por exemplo, oferecer o seu lugar no ônibus a uma pessoa de mais idade que não conseguiu sentar-se. Já o discernimento nos ajuda nas coisas, de certa forma, mais elevadas como concluir se uma pessoa esta no caminho errado ou não. Isso não quer dizer que o fato de termos discernimento nos dá o direito de condenar, pois se ele nos dá a capacidade de julgar corretamente é para que possamos indicar o rumo certo a se seguir.Virtude anexa à Força.- A Paciência. A paciência é o que nos ensina a saber esperar, sofrer e suportar as tristezas e adversidades da vida, principalmente no nosso relacionamento com o próximo. Ela nos ajuda a esperar a justiça e as recompensas que provem do céu.
A paciência tem duas características importantes que nos ajudam não só contra a ira, mas em muitos momentos. Ela será a Longanimidade, ou seja, a paciência de esperar o tempo certo para a realização de nossos anseios, desde que estes sejam de acordo com a vontade de Deus. Ela será a Constancia que nos leva a suportar as dificuldades materiais e espirituais que nos acontecem.DICAS PARA A LUTA DIÁRIA. Contemple sempre a Cruz de Cristo e medite sobre tudo o que o Senhor suportou por nós e os frutos que seu ato nos proporcionou;
Nos momentos de nervosismo, se afaste, espere a calma voltar;
Não queira revidar as afrontas que lhe são impostas;
Olhe e pense sobre as pessoas da mesma forma que gostaria de ser olhado por elas e por Deus;
Exercite a paciência, comece pelas coisas pequenas;
Antes de julgar alguém, seja sincero consigo mesmo. Lembre-se do que Jesus nos ensinou: “Quem não tiver pecado, que atire a primeira pedra”;
Controle a língua, uma arvore boa não pode dar frutos maus.
Busque sempre a reconciliação;
Renuncie ao rancor e a mágoa;
Lembre-se que Jesus sempre compreende e quer perdoar nossos erros, compreenda e perdoe seu próximo.“Jesus, manso e humilde de coração. Fazei de nosso coração semelhante ao vosso!”
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