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terça-feira, 30 de novembro de 2010

O que o Papa diz sobre o preservativo


O Papa e o preservativo têm feito ultimamente, os cabeçalhos dos  jornais de todo o Mundo. Em Portugal por exemplo: (aqui e aqui).
Para um católico que quer estar bem informado, o melhor modo é ler na íntegra e no seu contexto, o que o papa disse:

(obs.: sida = aids)

Peter Seewald-«[…] Em África, Vossa Santidade afirmou que a doutrina tradicional da Igreja tinha revelado ser o caminho mais seguro para conter a propagação da sida. Os críticos, provenientes também da Igreja, dizem, pelo contrário, que é uma loucura proibir a utilização de preservativos a uma população ameaçada pela sida.
Santo Padre-Em termos jornalísticos, a viagem a África foi totalmente ofuscada por uma única frase. Perguntaram-me porque é que, no domínio da sida, a Igreja Católica assume uma posição irrealista e sem efeito – uma pergunta que considerei realmente provocatória, porque ela faz mais do que todos os outros. E mantenho o que disse. Faz mais porque é a única instituição que está muito próxima e muito concretamente junto das pessoas, agindo preventivamente, educando, ajudando, aconselhando, acompanhando. Faz mais porque trata como mais ninguém tantos doentes com sida e, em especial, crianças doentes com sida. Pude visitar uma dessas unidades hospitalares e falar com os doentes.

Essa foi a verdadeira resposta: a Igreja faz mais do que os outros porque não se limita a falar da tribuna que é o jornal, mas ajuda as irmãs e os irmãos no terreno. Não tinha, nesse contexto, dado a minha opinião em geral quanto à questão dos preservativos, mas apenas dito – e foi isso que provocou um grande escândalo – que não se pode resolver o problema com a distribuição de preservativos. É preciso fazer muito mais. Temos de estar próximos das pessoas, orientá-las, ajudá-las; e isso quer antes, quer depois de uma doença.

Efectivamente, acontece que, onde quer que alguém queira obter preservativos, eles existem. Só que isso, por si só, não resolve o assunto. Tem de se fazer mais.

Desenvolveu-se entretanto, precisamente no domínio secular, a chamada teoria ABC, que defende “Abstinence – Be faithful – Condom” (“Abstinência – Fidelidade – Preservativo”), sendo que o preservativo só deve ser entendido como uma alternativa quando os outros dois não resultam. Ou seja, a mera fixação no preservativo significa uma banalização da sexualidade, e é precisamente esse o motivo perigoso pelo qual tantas pessoas já não encontram na sexualidade a expressão do seu amor, mas antes e apenas uma espécie de droga que administram a si próprias. É por isso que o combate contra a banalização da sexualidade também faz parte da luta para que ela seja valorizada positivamente e o seu efeito positivo se possa desenvolver no todo do ser pessoa.

Pode haver casos pontuais, justificados, como por exemplo a utilização do preservativo por um prostituto, em que a utilização do preservativo possa ser um primeiro passo para a moralização, uma primeira parcela de responsabilidade para voltar a desenvolver a consciência de que nem tudo é permitido e que não se pode fazer tudo o que se quer. Não é, contudo, a forma apropriada para controlar o mal causado pela infecção por HIV. Essa tem, realmente, de residir na humanização da sexualidade.
Peter Seewald-Quer isso dizer que, em princípio, a Igreja Católica não é contra a utilização de preservativos?


Santo Padre-É evidente que ela não a considera uma solução verdadeira e moral. Num ou noutro caso, embora seja utilizado para diminuir o risco de contágio, o preservativo pode ser um primeiro passo na direcção de uma sexualidade vivida de outro modo, mais humana.»


In Bento XVI, Luz do Mundo – O Papa, a Igreja e os Sinais dos Tempos – Uma conversa com Peter Seewald, Lucerna, 2010
Fonte: Infovitae

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3 comentários:

Anônimo disse...

A minha reflexão aqui vai ser um comentário curto. Se pensarmos nas pessoas que se drogam. Será melhor que elas usem seringas estirilizadas, ou não? Obviamente que é melhor que usem seringas esterilizadas. Não podemos moralmente permitir que a extensão de um mal seja agravada e que a seguir a um mal que neste caso é a prostituição e a toxicodependência venha outro mal, ainda maior que seria a infecção de outra pessoa. Devemos exigir que moralmente as pessoas que se drogam e se prostituem sejam no minimo responsáveis, com o mal que escolheram seguir. Esse mal é sempre uma prática condenável e não é o facto de aceitar que haja uma maneira, que de certa forma reduz a extensão desse mal, que se vai achar essa prática correcta.

Anônimo disse...

Acrescento também tal como o Santo Padre disse que os preservativos não são a verdadeira solução para a sida, mas a solução tem que passar primeiro, pela abstinência e pela fidelidade e só depois quando este falham é que se deve olhar para o preservativo. É isso que diz o Santo Padre e os números apoiam-no. NO caso da prostuição, é óbvio que a absitnência e a fidelidade falham, por este motivo deve-se olhar para o preservativo, como uma solução menos má.

Buscando o caminho certo disse...

Acrescento ainda que, o Papa não está dizendo para que quem vive na prostituição precisa usar camisinha. Ele se refere a uma pessoa que vive na prostituição, quer sair, e a abstinenci e a fidelidade falham, daí sim, poderia ser recomendado o uso do preservativo.
Senão, veremos várias prostitutas nas filas para comungar com a justificativa de que o Papa liberou a camisinha para a classe delas.

 
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